segunda-feira, 19 de maio de 2014

Parábola * O agregado

irmão Riba Gonçalves 

Campo de trigo em chamas e oliveira plantada na boa terra
Um grande proprietário de terras entregou uma pequena gleba para um agregado plantar oliveiras para que posteriormente tivesse exclusividade em sua produção. O campesino limpou a terra e semeou a semente no campo o qual se transformava num frondoso pomar de oliveiras. Nesse período passou por ali alguns homens e ficaram maravilhados com sua plantação, contudo, alertaram aquele agregado que se ele plantasse um campo de trigo conseguirei uma colheita mais rapidamente e dessa forma também estaria utilizando a terra para os seus fins de realização como um trabalhador do campo.

O campesino avaliou os resultados a curto prazo sobre as vantagens daquela proposta em plantar outro tipo de lavoura para vender ao seu patrão, e resolveu seguir os conselhos daqueles forasteiros. Em seguida, arou a terra e plantou do lado do pomar de olivas  um campo de trigo. O novo cereal também floresceu e todos que passavam naquele campo ficavam admirados com o cuidado que aquele agregado tinha com sua nova lavoura, entrementes, do outro lado da plantação o pomar de oliveiras o qual era o desejo do seu patrão também crescia e já brotava muitos frutos.

Um certo dia, outros homens maus e invejosos aproveitando a ausência do agregado que tinha ido a cidade comprar mantimentos para sua subsistência, passaram por ali e atearam fogo em sua seara, assim como no pomar de oliveiras. O agregado ao retornar a sua posse de terra, sentiu um cheiro ocre de fumaça ainda distante trazido pela brisa do vento de sua propriedade, Ao chegar no seu lugar, ficou pasmo com a cena sombria de destruição, Não queria acreditar que a sua plantação realizada com muito, trabalho, suor e muita dedicação estava em cinzas e exposta ao vitupério dos que passavam por ali.

No lado oposto daquela destruição, o pomar de oliveiras também sofreu avaliações consideráveis, suas folhas secaram e caíram forrando o chão e posteriormente serviriam de adubo para aquele pomar, todavia, o olival tinha raízes profundas naquela terra fértil e voltou a florescer e brotou muitos frutos, uns bons e outros mirrados. O agregado chorava dentro de si dia após dia ao ver a sua seara que era tão promissora naquela situação.(era de fazer dor!). O seu trabalho lhe trazia satisfação em nível de realização como um pequeno agricultor mas fora sucumbido pelo fogo e pela inveja do homem mau. Frustrado, desorientado e desconsolado com aquela tragédia...misteriosamente como se acontecesse um milagre, o agregado levantou a cabeça e resolveu cuidar do pomar de oliveiras que ainda lhes restava, o qual veio a florescer e logo, logo se aproximava o período da colheita. Em seguida ele pegou sua “foice” e o rastelo e foi fazer a limpeza do pomar de oliveiras com a esperança que as coisas melhorasse doravante.

Um certo dia, apareceu um ancião que passava por ali em seu pomar e avaliou que o seu olival estava muito bonito e carregado, contudo, observou que no meio havia muitos frutos podres e já caídos pelo chão, bem como os galhos das oliveiras estavam cheio de frutos mirrados O agregado tentou explicar que tinha acontecido uma sabotagem através de um incêndio realizado por "homens malvados" em seu campo de trigo e pomar de oliveiras  enquanto ele estava ausente em busca de viveres na cidade. Aquele ancião lhes olhou compassivamente e disse-lhe...Vai desta vez e sacode “todas ás arvores” para que os frutos podres e mirrados caiam e fique apenas os frutos bons para se produzir um excelente azeite,  pois breve o meu filho virar lhe comprar toda sua produção e doar para os pobres e necessitados para que produzam seu próprio azeite, e mantenham ás chamas de suas candeias acessas, pois quando vir os dias de escuridão sem a luz na terra, suas casas possam ser identificadas pela luz e o odor do azeite de oliva queimado como incenso, o qual eu e meu filho apreciamos muito esta essência da  terra.


O agregado entrou naquele pomar de frutos ressequidos e podres com mais ânimo e jubiloso pelo seu patrão lhes ter oferecido uma segunda chance de indicar o fruto verdadeiro de sua plantação “primera” e começou a balançar o pomar de oliveiras que ainda lhes restava como arrendatário, objetivando que nas árvores permanecessem apenas os bons frutos para oferecer a sua produção ao filho do ancião arrendador, e com a esperança tão somente que sua colheita doravante pudesse ser aceita como digna e bem avaliada pelo fiel comprador que estar chegando com a sua carruagem para levar os bons frutos para si. Assim, quiçá, o agregado também possa ser contado entre os bons agricultores arrendatários da boa terra.

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