A francesa Christine Lagarde,
secretária do FMI, conversa com Osborne (de costas) e Kerr, (abaixado)
A reunião do Clube Bilderberg,
organização que reúne as mais importantes autoridades da Europa e dos EUA nos
campos político, econômico e militar, foi encerrada no último domingo, na
Dinarmarca, sem qualquer declaração pública. A jornalista Cristina Martín
Jiménez, que investiga há uma década esta organização para o diário espanhol El
Confidencial, apontou ao Correio do Brasil com exclusividade, a existência de
forte indícios de que, antes de abdicar, o rei Juan Carlos de Espanha discutiu
o assunto com os integrantes da organização secreta. Entre outros temas em
pauta, no encontro anual cercado de mistério e segredos, está a previsão de que
a Europa tende a mergulhar, no prazo máximo de um ano, em um grande conflito
armado.
Segundo Jiménez, o Bilderberg
reuniu figuras militares influentes como o secretário-geral da Organização do
Tratado Atlântico Norte (Otan), Anders Rasmussen e o ex-diretor da Agência
Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) David Petraeus; o ministro da
Fazenda e secretário do Tesouro Britânico, George Osborne, aliado ao Partido
Conservador, e John Olav Kerr, o barão Kerr of Kinlochard, membro da Casa dos
Lordes no Parlamento britânico, diretamente ligado às esferas de poder na
Escócia e integrante do círculo mais fechado do Clube. Outras presenças
ilustres no encontro foram a secretária do Fundo Monetário Internacional (FMI),
a francesa Christine Lagarde, e a ministra sueca dos Negócios Estrangeiros,
Jessica Olausson, que sequer teve o nome revelado na lista dos participantes.
“Trata-se de um clube de
poderosos que tem a pretensão de controlar e dirigir o mundo. Entre outras
catástrofes que causaram, são os responsáveis por submergir a Europa na pior
crise desde a II Guerra Mundial. O efeito mais imediato da reunião do clube,
que acabamos de conhecer, foi a abdicação do rei espanhol. Não resta mais a
menor dúvida de que a renúncia de Juan Carlos foi uma decisão consensual de
Bilderber”, escreveu Cristina Jiménez.
As conversações deste ano, ainda
segundo Jiménez, giraram em torno da possibilidade de conflitos armados na
Rússia, China e no Oriente Médio.
“O que foi extraído da reunião
deste ano é que daqui a alguns meses, a um ano, deverá ocorrer uma grande
reestruturação militar, econômica e comercial originado em uma transformação
importante na História do mundo: um conflito bélico de grandes dimensões”,
afirmou.
Crise militar
A jornalista Cristina Jiménez não
foi a única a perceber que a reunião deste ano do Clube de Bilderberg tratou de
um importante evento militar, previsto para os próximos meses, em escala
global. O jornalista investigativo Daniel Estulin, autor do livro A Verdadeira
História do Clube de Bilderberg, disse também ao CdB que, na conferência
realizada em um hotel cinco estrelas de Copenhagen, as mais importantes figuras
dos campos econômico e militar dos EUA têm realizado um tremendo esforço para
manter separadas a Rússia e a China, que reforçaram, recentemente, a aliança
contra os norte-americanos.
– Há 50 anos, Richard Nixon e
Henry Kissinger persuadiram a China a se virar contra a União Soviética e se
aliar aos EUA. A pergunta que se faz agora é retórica, se a cooperação entre
Rússia e China será renovada em uma aliança contra a América – disse Estulin,
lembrando o tratado de US$ 400 bilhões entre russos e chineses na compra do gás
da Gazprom.
A questão energética sobre a
distribuição do gás produzido na Rússia para as nações europeias, passando pela
crise na Ucrânia, foi outras das questões centrais no encontro do Clube de
Bilderberg.
Leia Também no Correio do Brasil:
Acordo entre Rússia e China altera equilíbrio econômico mundial
– A administração norte-americana
tem forçado os países europeus a impor cada vez mais sanções à Rússia, enquanto
países como a França e a Alemanha entendem que, ao impor tais sanções, colocam
em risco as próprias economias. O que franceses e alemães querem é saber dos
EUA, exatamente, como os Estados europeus serão abastecidos com o gás que,
atualmente, recebem da Rússia. A Alemanha, em especial, começa a suspeitar que
EUA e Rússia têm manipulados os fatos, por debaixo dos panos, e está tratando
de sair de cena, com a desculpa de que a Ucrânia está fora de controle –
afirmou o jornalista investigativo.
O Clube de Bilderberg foi fundado
na década de 50
Os integrantes europeus do Clube
entendem que a Ucrânia dependerá da Rússia para um possível – ainda que mau –
acordo para sua subsistência; e os integrantes norte-americanos do Bilderberg
têm tentado de tudo para manter russos e ucranianos separados, prolongando a
crise na região. A preocupação dos europeus, no seleto encontro de Copenhagen,
que lhes têm tirado o sono, é o crescimento do Irã e o acordo sino-russo.
– Hoje, Rússia e China têm
acertado suas diferenças e estão em vias de formar a maior potência regional na
Ásia, o que o Clube entende como ameaça direta ao capitalismo ocidental –
afirmou o autor.
O Clube Bilderberg foi fundado em
1954 e, desde então, vem realizando suas reuniões como forma de promover o
diálogo entre a Europa e os EUA. Ao todo, participam entre 120 a 150 líderes
políticos e influentes empresários nas áreas da indústria, finanças e mídia;
além de acadêmicos, dos encontros anuais para discutir assuntos como política
externa, tecnologia, Oriente Médio e África. É considerado, por especialistas,
como o encontro mais secreto do mundo, tamanha é a segurança e os ritos que
seguem a tradição do Clube.
Fonte: Correio do Brasil
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