Se
não queremos esse passado como futuro, se queremos evitar o congelamento da
saúde, da educação, da moradia, do progresso, do crescimento, da sobrevivência
por 20 anos; temos de tomar todos os espaços, a exemplo do que estão a fazer os
estudantes, temos de ir para a rua, temos de ocupar o Brasil agora!
O
profeta Jeremias, em muito conhecida fala, disse: Trago à memória o que me traz
esperança.
A
memória é uma ferramenta preciosa para a manutenção da esperança,
Quando
é uma memória má, desperta a necessidade de aprendizado, quando é memória boa,
sugere um caminho a considerar. De qualquer maneira, parafraseando o poeta, nos
permite confessar que vivemos.
Estamos
diante da discussão sobre a malfadada PEC 241, que propõe, em nome da
austeridade, congelar gastos, por 20 anos, para, pretensamente, salvar,
economicamente, o país, onde saúde e educação, entre outras rubricas
estratégicas, deixam de ser investimentos para serem considerados gastos a
serem contidos.
Há
uma propaganda intensa, por parte do comando do golpe, dizendo ser medida de
aparente administração das contas públicas, uma prática comezinha, levada a
efeito em todos os lares, com alguma responsabilidade orçamentária.
Dizem
isso como se a população brasileira tivesse de ser lembrada de prática
familiar, para entender a importância do que se estar a propor.
Não
há necessidade da feitura desse esforço, nós todos temos memória que nos
remete, com extrema proximidade, ao que resultará à nação a aplicação dessa
medida.
FHC
foi 8 anos presidente do Brasil, além de ter sido por dois anos ministro da
Economia no governo Itamar, governo responsável pelo plano real.
Ele
foi eleito para um período de 6 anos, mas, deu um golpe na constituição e
estabeleceu a reeleição, permitindo dois períodos de 4 anos, da qual ele foi o
primeiro beneficiário.
Ele
usou o princípio que norteia a PEC maldita, para governar.
Em
seu governo privatizou tudo que conseguiu, desvalorizou os ativos do país e os
vendeu por preço irrisório, financiando os compradores, através do BNDES.
Os
compradores, ao invés de investirem o que não gastaram na compra, para
alavancar a prestação de serviço, esperaram que cada serviço, com clientes
cativos, passasse a se pagar, de modo que, o tempo todo, trabalharam com o
nosso dinheiro para ter o melhor e o mais lucrativo negócio, onde você recebe
por um produto que não precisa entregar com a qualidade prometida.
Ele
foi subserviente à geopolítica estadunidense, fazia parte de sua tese, de modo
que, quando ele saiu, vendíamos aos tais, a maioria do que exportávamos –
estávamos cativos.
E
os tais não se interessavam por manufaturados, apenas por matéria-prima e commodities,
condenando-nos a uma economia agropecuária e extrativista.
Pôs
em curso, portanto, o sucateamento e desmonte da indústria nacional:
siderurgia, indústria naval, indústria automobilística, indústria da construção
civil e a indústria de manufaturados, de modo geral.
Jogou
para o limbo da história a mão de obra não qualificada, impondo, de forma
abrupta e atabalhoada, a informatização, por causa dos interesses do cliente
majoritário.
Não
investiu centavo algum na modernização do país; nem mesmo os buracos das
rodovias federais tapava; não deu nenhum por cento de aumento ao funcionário
público federal.
E
mesmo em relação à estabilidade da moeda, e à vitória sobre a inflação, que era
a desculpa para o não investimento, ainda que mantivesse um insuficiente
programa social, vingou, de fato.
Rapidamente
desvalorizou a moeda: de um dia para o outro, pois, o dólar estadunidense
dormiu valendo um real e acordou custando um real e noventa centavos, e, no
final de seu governo a moeda já estava em crise de estabilidade, a ponto de ter
defecções em sua equipe econômica; e o dragão inflacionário começou a
despertar.
Não
bastasse isso, e, olha que não falei da educação e da pesquisa acadêmica, nem
da ingerência do FMI, no final de seu governo, fomos brindados, por causa da
falta de investimento em energia, com sucessão de apagões que deixavam às
escuras a maioria dos estados brasileiros, o que é, sem dúvida, a mais eficaz
forma de sabotar a economia de uma nação.
E,
não fora a ascensão do governo popular, a falência teria nos alcançado
inexoravelmente.
Sim,
temos memória, sabemos o que significa a aplicação do princípio que sustenta a
PEC 241.
Sabemos,
por memória, o futuro que nos aguarda.
A
câmara federal fez o que se sabia, agora resta o senado, o mesmo que
implementou o golpe de estado, diante da comprovada inocência da presidenta.
Eles
não vão parar, então, se não queremos esse passado como futuro, se queremos
evitar o congelamento da saúde, da educação, da moradia, do progresso, do
crescimento, da sobrevivência por 20 anos; temos de tomar todos os espaços, a
exemplo do que estão a fazer os estudantes, temos de ir para a rua, temos de
ocupar o Brasil agora!
Nosso
luto vem do verbo lutar!