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A existência da bancada evangélica é simbólica e representa o
conservadorismo da sociedade brasileira, de acordo com analistas políticos e
sociais. E o pastor Ricardo Gondim reforça essa tese.
Com o tema “A Religião é Reacionária?”, o debate abordou
questões morais que são abordadas de forma conservadora pela sociedade
brasileira, formada amplamente por cristãos, distribuídos entre católicos e
evangélicos.
Para Gondim, o conservadorismo político-social está ligado
aos dogmas religiosos que são enfatizados nas comunidades de fé, e esse fator é
agravado pela disputa por fiéis que existe entre as igrejas evangélicas.
“O movimento protestante se dá, muito, em um contexto
neoliberal, e assim as igrejas estão por conta [própria], o pastor está por
conta, e isso impõe sobre ele uma necessidade muito grande de ser inovador,
carismático, porque ele precisa sobreviver, pagar suas contas”, observa Gondim.
“Ao mesmo tempo [o pastor] precisa preservar um nicho que o mantenha dento do
contexto dos evangélicos”, acrescentou.
A professora Rosado entende que as maiores vítimas do
conservadorismo são as mulheres, e que hoje as igrejas Católica e evangélicas
estão em descompasso com a sociedade civil em relação aos temas feministas: “A
sociedade avançou a ponto de retirar sexo e capacidade reprodutiva do registro
de julgamento moral. Há 20 anos, passamos a falar em direitos sexuais. Já é
algo de senso comum”, contextualizou. “As religiões, no entanto, reagem a isso
pois precisam do controle da sexualidade, das mulheres. E elas são seu maior
público, é sobre elas que a igreja traz esse discurso forte do singular, da
família”, teorizou.
O pastor Ricardo Gondim disse que a religião se apossa de
forma oportunista do ideal de família para sustentar o conservadorismo:
“Observo que nós temos uma grande flexibilização ética, dogmática, mas um
conservadorismo cada vez mais acirrado, pois é a única âncora que sobra em
defesa da família, dos bons costumes. Tudo é uma hipocrisia, mas é um discurso
que vale no púlpito”, critica.
Rosado aponta para o fato de que, certas situações não podem
ser mais suprimidas: “Há conquistas sobre as quais, de fato, não se volta a
trás. Você ter duas mulheres se beijando dentro do Congresso, duas mulheres que
se assumiram casadas, e com a repercussão que tem uma Daniela Mercury no
Brasil, isso pra mim é um indicador de uma permeabilidade da sociedade a essas
questões […] Há condições de possibilidades, de propostas, de discursos, de
legislações, que a gente não tinha há 20 ou 30 anos e que hoje são uma
realidade”, concluiu. (Tiago Chagas / Gospel+) Reprodução.
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