Ricardo
Gondim (*)
“Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o
primeiro a atirar pedra…”.
João 8:7
João 8:7
Para
ganhar o direito de apontar o dedo, cabe a cada um o dever de olhar para dentro
de si. Para julgar é preciso ter consciência de que a régua que mede os demais
também mede o juiz. Quem deseja manter contabilidade dos erros alheios tem que
estar ciente do livro que vem sendo redigido sobre os próprios pecados.
Antes
de atirar a primeira pedra convém fazer algumas perguntas:
1.
A injustiça social, tão condenada na
tradição profética da Bíblia, me incomoda? Eu a considero pecado?
2.
Consumismo e materialismo me
fascinam? Perco a tranquilidade por não alcançar os desejos suscitados pela
propaganda?
3.
Amo o resplendor do poder, a pompa da
glória e a espetaculosidade que o dinheiro promove?
4.
Minha vida se caracteriza por
frivolidade? Os novos ricos superficiais me consideram um dos seus?
5.
Gasto quanto tempo de minha vida
engajado em procurar o direito do órfão e da viúva – metáforas vivas do pobre?
6.
Sou intolerante e raivoso com os
diferentes? Perco a paciência ao perceber outras pessoas com a razão que,
outrora, eu entendia estar comigo?
7.
Nutro inveja? Quando noto outras
pessoas preferidas acima de mim fico amuado? Me ressinto de que exista gente
mais inteligente, mais rica, mais bem relacionada e mais saudável que eu?
8.
Me sinto ofendido com facilidade?
Quando outros parecem não perceber minha presença ou sem valorizar o tanto que
eu acho merecer, fico chateado?
9.
Orgulho se insinuou em minha alma?
Dou excessiva importância a posição, título e reputação? Tenho medo de perder
dinheiro, audiência, respeitabilidade e bom trânsito entre meus pares se expor
honestamente minhas convicções?
10. Meus negócios e minha vida profissional precisam de
anonimato? O meu metro tem cem centímetros? O meu quilo tem mil gramas?
11. Divulgo bisbilhotices? Nutro um prazer mórbido de
conversar sobre fracassos alheios? Fantasio histórias inverídicas sobre a vida
particular dos outros?
12. Critico sem amor? Minha fala vem com ranho?
13. Sou verdadeiro no que falo, ou antes exagero,
procurando dar uma impressão falsa sobre mim e sobre minhas convicções?
14. Vivo sem compromisso com o futuro, na lógica do
“comamos e bebamos porque amanhã morreremos”?
15. Caminho sob a bandeira da gratidão, constantemente
reconhecido das inúmeras pessoas que me deram a mão, investiram, perdoaram e
cuidaram de mim? E que sem elas eu não seria quem sou hoje?
Só
depois desse olhar introspectivo alguém pode ser atrever a sentar na cadeira de
Moisés, julgar e sentenciar um apedrejamento.
Eu
não me atrevo.
Soli Deo Gloria
(*) Ricardo Gondim é escritor e teólogo, presidente
nacional da Igreja Evangélica Betesda
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